A doação de óvulos é o processo pelo qual uma mulher, geralmente com menos de 30 anos de idade, doa óvulos para outra mulher que não tem óvulos ou cujos óvulos têm alterações que os tornam incompatíveis para a reprodução. Assim, a receptora pode iniciar uma gravidez e dar à luz uma criança, com a qual não compartilha nenhum gene em comum.
Nos casos de doação de óvulos, as doadoras passam por uma triagem médica para garantir que sejam saudáveis e não apresentem fatores de risco para si mesmas ou para a receptora. Os critérios para a avaliação genética das doadoras variam de uma instituição para outra e vão desde o histórico médico e psicológico pessoal e familiar até estudos cromossômicos e genéticos. Os doadores também são avaliados psicologicamente por uma equipe especializada. Além disso, a identidade da doadora pode ou não ser compartilhada com a pessoa nascida de seus óvulos. A decisão de revelar a identidade da doadora à pessoa nascida deve estar contida nos formulários de consentimento assinados nesses procedimentos.
O processo de estimulação hormonal e aspiração folicular na doadora é, em todos os aspectos, o mesmo descrito para as pessoas que se submeterão a FIV.
A receptora, por outro lado, é a pessoa que busca engravidar com embriões gerados a partir de óvulos de uma doadora e espermatozoides de seu parceiro ou de um doador. A receptora deve preparar seu útero para torná-lo receptivo e facilitar a implantação do embrião. Para isso, são administrados hormônios (estrogênio e progesterona), simulando os hormônios que circulam em um ciclo hormonal, e o embrião é transferido em um dia específico do ciclo.
A estimulação hormonal da doadora pode ser sincronizada com a preparação endometrial da receptora para transferir um embrião a fresco. Também é possível congelar/vitrificar o(s) óvulo(s) doado(s) ou os embriões gerados e transferi-los um a um, em diferido, preparando o endométrio da receptora para essa finalidade.
Se uma mulher ficar sem óvulos (menopausa) ou se os óvulos que ela tem não forem capazes de gerar uma gravidez, ela não poderá ser genitora, ou seja, não poderá transferir seus genes para a prole. Isso não significa que ela não possa ser mãe. A maternidade não é estabelecida pela transferência de genes. Uma mulher é capaz de carregar um embrião, engravidar de forma completamente normal, dar à luz e amamentar com igual eficiência crianças provenientes de seus óvulos ou de óvulos de outra pessoa (de uma doadora). Como visto na Figura 19, a taxa de partos é praticamente inalterada em mulheres após os 40 anos de idade se seus embriões forem gerados a partir de um óvulo de uma doadora muito jovem. Ou seja, o útero e o corpo inteiro da mulher são capazes de gerar uma gravidez, dar à luz, amamentar e estabelecer relações maternais com uma criança com a qual ela não compartilha nenhum gene em comum, e certamente após a menopausa.
Figura 19. Taxa de parto a fresco autólogo e OD a fresco de acordo com a idade da mulher. RLA, 2017-2020
O aumento progressivo da idade da mulher que deseja ser mãe (Figura 20) determina um aumento na proporção de mulheres que precisam de doação de óvulos.
Figura 20. Idade da mulher com reprodução autóloga. América Latina, 1990 – 2021
Atualmente, 19% dos procedimentos de reprodução assistida na América Latina são realizados com óvulos doados. Isso significa que mais de 20.000 ciclos de doação de oócitos são realizados anualmente e mais de 6.000 bebês nascem a cada ano. A Figura 21 mostra a evolução ao longo do tempo do número de ciclos de OD e do número de bebês nascidos por essa técnica.
Figura 21. Proporção de ciclos de doação de óvulos (OD) a fresco e congelados em relação ao total de ciclos iniciados. RLA 1990 – 2020. As barras correspondem à porcentagem e os pontos ao número total de ciclos realizados.